Em tempos de COVID-19…
um contributo do serviço de Psicologia do CBEI
As últimas semanas têm-se revelado um verdadeiro desafio para todos nós. A situação que atravessamos atualmente é inédita, confusa e deixa-nos repletos de dúvidas, inseguranças e inquietações.
Num momento delicado como este, o serviço de psicologia do CBEI vem dar o seu contributo, partilhando neste espaço alguns conteúdos que, esperamos, sejam úteis e que contribuam para a manutenção do bem-estar nestes tempos incertos.
Pretende-se que este seja um espaço de partilha para todos, acreditando que juntos e num esforço concertado, com espírito cívico e senso de comunidade, respeitando e cumprindo criteriosamente as recomendações e orientações das entidades oficiais (Organização Mundial de Saúde (OMS) e Direção-Geral de Saúde (DGS)), seremos capazes de ultrapassar este período mais difícil e retomar as nossas rotinas habituais.
A informação disponibilizada neste espaço terá por base as orientações da OMS e da DGS, bem como as indicações e recomendações da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP), sendo regularmente atualizada.
O serviço de Psicologia coloca-se desde já à disposição para responder às vossas questões através do e-mail ensino.psicologia@cbei.pt
As crianças e a COVID-19
O ensino presencial está suspenso até ao dia 9 de abril, bem como as atividades presenciais de creche, pré-escolar e CATL do CBEI. As crianças estão em casa e com elas foram muitas questões, inquietações, medos, preocupações.
Neste momento, compete-nos a todos nós, cuidarmos das nossas crianças em casa, cumprindo um período de isolamento social que se reveste de extrema importância no que respeita à redução da propagação do novo coronavírus e à salvaguarda não apenas da saúde e segurança dos próprios, como da saúde e segurança dos outros.
O período de isolamento pode gerar nas crianças elevados níveis de stress e ansiedade que podem levar a diferentes respostas. Neste período, há crianças que se revelam mais agitadas, mais dependentes, mais ansiosas ou zangadas, podendo, por exemplo, procurar ter uma maior proximidade dos adultos ou pedir mais colo. Podem também isolar-se e fazer xixi na cama.
Assim, importa que os adultos sejam responsivos às reações das crianças de uma forma compreensiva, escutando e acolhendo as suas preocupações, medos e inseguranças e reforçando a atenção e carinho que lhes dirigem. Além disso, é importante que os adultos deem às crianças oportunidades para brincar e relaxar, uma vez que isso as ajudará a lidar mais fácil e tranquilamente com as suas emoções.
Se para nós, adultos, este é um período difícil e confuso, para os mais novos pode ser um tanto ao quanto desorganizador. É para isso que o serviço de Psicologia do CBEI aqui está: para vos ajudar a lidar com esta situação da melhor forma possível.
Nesta fase, coloca-se a seguinte questão: Como podemos explicar às nossas crianças o que se está a passar à volta delas neste momento?
Em primeiro lugar, é importante que recorra a informação clara e verdadeira, utilize uma linguagem adequada à idade da criança e se assegure de que ela compreendeu corretamente a mensagem que lhe transmitiu, esclarecendo dúvidas, se necessário.
A exposição das crianças a notícias deve ser reduzida, devendo ser o adulto de referência a transmitir-lhe as informações relevantes.
Pode acontecer que as crianças se revelem confusas. Nesse caso, não hesite em explicar-lhes a mesma coisa diversas vezes e dê-lhes espaço para expressarem as suas questões, emoções e receios.
Além disso, é fundamental que lhes transmita confiança e segurança, explicando-lhes que os profissionais de saúde e os próprios pais/cuidadores estão a trabalhar para terem acesso aos bens necessários, à saúde e à segurança da criança e de todos.
E na prática, como podemos explicar às crianças o que é a COVID-19?
Vamos então ajudar-vos!
1.
Comece por lhes explicar o que é o vírus e como se transmite. Diga-lhes que o coronavírus é muito, muito pequeno. Tão pequeno que só o podemos ver utilizando um microscópio. Pode mostrar à criança uma imagem do vírus na internet para lhe explicar o porquê do seu nome: este vírus parece uma coroa.
Explique às crianças que o novo coronavírus é contagioso e está a espalhar-se rapidamente por todo o mundo, transmitindo-se através de gotículas muito pequenas que soltamos quando falamos, tossimos ou espirramos e que, muitas vezes, caem para os objetos, como os brinquedos e depois passam para as nossas mãos quando lhes tocamos.
Depois acrescente que muitas pessoas estão a ficar doentes por causa deste vírus (sentem dificuldade em respirar, têm tosse ou febre), podendo passar a outras e precisar de tratamento ou de ir para o hospital durante algum tempo para serem tratadas pelos médicos que as ajudam a sentir-se melhor.
2.
Faça com que a criança sinta que é uma peça importante na redução da propagação da doença.
Diga às crianças que, enquanto os cientistas estão a tentar descobrir mais coisas sobre o vírus para encontrarem uma vacina para ele e os profissionais de saúde estão a ajudar as pessoas que já estão doentes, todos NÓS também podemos ajudar.
Explique às crianças que, se tivermos alguns cuidados e seguirmos as recomendações dadas pelos especialistas, podemos evitar que mais pessoas fiquem doentes.
3.
Explique às crianças como podem proteger-se a si e aos outros, fazendo-as sentir-se como se fossem super-heróis no combate à doença.
Nesta fase é importante explicar às crianças de que forma podem contribuir para quebrar a cadeia de transmissão do vírus.
Assim, deve-se explicar que precisam de lavar muito bem e muitas vezes as mãos (como se fossem cirurgiões!); tossir e espirrar para o cotovelo; dizer a quem os ajuda a assoar o nariz que tem de deitar fora o lenço e lavar bem as mãos; que não deve levar às mãos à cara (olhos, nariz e boca, pois essas são as “portas de entrada” do vírus para o nosso corpo) e evitar dar muitos beijinhos e abraços.
4.
Seja responsivo e valide os sentimentos de ansiedade, medo, frustração e aborrecimento, estimulando uma atitude positiva.
Diga às crianças que ficar em casa, longe da escola, dos amigos, dos educadores e das atividades que gostam de fazer fora de casa pode ser muito aborrecido e que, por isso, é normal que se sintam tristes, impacientes e com saudades. Mas que, ao mesmo tempo, estar em casa pode ser muito divertido.
Mostre-lhes que assim têm mais tempo para brincar em casa todos juntos, podem fazer jogos, experiências, contar histórias e fazer coisas que não fazem habitualmente. Diga-lhes também que poderão continuar a conversar e brincar com alguns familiares e amigos, por exemplo através de videochamadas.
Por último, é fundamental que transmita esperança e segurança às crianças.
Explique-lhes que não irão ficar em casa para sempre…
Fonte:
Ordem dos Psicólogos Portugueses
E porque no CBEI utilizamos muitas vezes histórias para explicar coisas importantes às nossas crianças, disponibilizamos-lhe o link (aqui) com uma história sobre o coronavírus que pode explorar em casa com os mais novos.